Mikael em sua palestra |
O fotógrafo
dinamarquês Mikael Colville-Andersen, criador da expressão Cycle
Chic, é conhecido por defender o uso da bicicleta como instrumento para a
melhoria da qualidade de vida nas cidades.
No vídeo da sua palestra no
TEDxCopenhagen, o responsável pela empresa de consultoria Copenhagenize postula
que a bicicleta (e a criação de infra-estrutura para seu uso) é a maneira mais
óbvia de tornar as cidades mais vivas
No
entanto, por mais saudáveis que as cidades se tornem com o auxílio das bikes, o
mundo atual vive imerso em uma cultura do medo. Nas suas palavras: “Nós
desenvolvemos uma obsessão quase pornográfica com os equipamentos de segurança.
Nunca antes na história nós estivemos tão protegidos de perigos como estamos
agora no mundo ocidental. (…) A cultura do medo pode existir por si só, mas
tenho certeza de que ela se tornou tão poderosa pelo simples fato de que, se há
alguma coisa que amedronta as pessoas, há muita gente esperando para ganhar
muito dinheiro com isso. O medo é lucrativo. O medo é um negócio.”
Para
ilustrar a superproteção incentivada por campanhas publicitárias,
Colville-Andersen mostra crianças com capacetes feitos para
serem usados dentro de casa, da empresa ThudGuard.com. Segundo ele, não há consenso na
literatura científica sobre o real benefício do uso de capacetes em caso de um
acidente, em termos de proteção contra traumatismos cranianos. De fato,
conforme um dos estudos citados, o uso de capacete aumenta
em 14% o risco de se envolver em um acidente.
Aliás,
se, de acordo com campanhas oficiais, ciclistas deveriam usar capacetes, então
por que não torná-los obrigatórios também para pedestres e até motoristas? De
fato, um estudo do governo australiano mostrou que aquele país poderia
economizar 400 milhões de dólares anualmente em gastos em saúde se o uso de um
determinado tipo de proteção para a cabeça fosse obrigatório para todos os
ocupantes dos carros — mesmo com cintos de segurança e airbags.
Boa
parte da indústria de capacetes para ciclistas é, conforme Colville-Andersen,
apoiada pela indústria automobilística. Até para passar a imagem de que andar
de carro é seguro e de bicicleta não. Governos frequentemente fazem campanhas
publicitárias estimulando ciclistas e pedestres a respeitarem a lei (pedalando
no mesmo sentido do tráfego, usando capacete, atravessando ruas na faixa de
pedestres…), quando o ideal seria colocar a responsabilidade pela segurança do
trânsito justamente sobre os motoristas, que são a parte mais perigosa do
trânsito, potenciais causadores dos maiores danos.
Após
muitos anos de crescimento, 2008 foi o primeiro ano em que houve uma quedano uso e nas
vendas de bicicletas na Dinamarca. Colville-Andersen associa esse fato ao
início de grandes campanhas publicitárias estimulando o uso de capacetes. Ou
seja, incutindo na população o medo de pedalar. “Em
todos os lugares do mundo onde o uso de capacetes foi estimulado, e pior, onde
foi tornado obrigatório por lei, o uso de bicicletas caiu. O estímulo ao uso de
capacete faz o uso de bicicletas parecer muito mais perigoso do que realmente
é.”
Confira vídeo da palestra(em inglês):
Via - Bikeisbeatiful,net
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